Seguindo uma tendência de mercado e mudando um pouco o rumo do que costumava oferecer, a Skechers se viu obrigada a fazer uma reformulação completa de um dos principais tênis de corrida da marca, o Skechers GOrun 6.
Não importa se você chama de “bota” ou “meia”, mas não dá para negar que o mercado de tênis de 2018 trouxe muitos exemplos de modelos com essa proposta, onde o tênis possui um ajuste mais firme e anatômico, lembrando bastante o trabalho de uma meia.

Alguns modelos conseguiram fazer isso bem e outros não, mas será que a Skechers conseguiu entregar um bom resultado com a sexta geração desse tênis de corrida que tantos gostaram na passada? Sobre isso e todos os seus detalhes que vou falar nesse review.
Cabedal
A atração principal desse tênis é o cabedal completamente remodelado e com uma abordagem diferente da versão anterior. Nesse modelo a amarração acaba sendo um tanto quanto complementar, já que o ajuste é proporcionado com ou sem a sua ajuda.
O cabedal é composto por uma malha bem flexível e outras densidades de knit que auxiliam no ajuste e estrutura. Pode parecer que o tênis vá ficar meio “molenga” com o tempo, mas na parte interna existem várias duplicações de tecidos e reforços que o deixam mais íntegro.

Na frente tem uma biqueira interna que protege os dedos do pé contra pequenos impactos e na parte do calcanhar o clipe de contraforte garante um ajuste preciso com a ajuda de uma duplicação de tecido para dar conforto. Na parte externa tem uma fita refletiva para facilitar o calce.
Por falar em conforto, eu acho que isso vai depender muito do pé de cada corredor. No meu caso, ele me passa segurança mas senti um pouco de desconforto com ele muito tempo no pé. O colarinho ficou firme demais, mas se eu tivesse um pé pouca coisa mais fino, ficaria perfeito.

Nas laterais a malha praticamente não tem elasticidade alguma, e apenas o material em cima dos dedos, passando pelo peito do pé e chegando ao colarinho, que realmente oferece qualquer tipo de ajuste. Isso não é ruim, muito pelo contrário. As laterais serem mais estruturadas passam conforto e deixam o pé bem localizado dentro do tênis.
O único defeito que consegui encontrar, ou pelo menos esperava mais, foi no quesito respirabilidade. Seja pela própria malha ou por conta das duplicações internas de tecido, tive a sensação de que meu pé não respirava muito bem. Isso de cara já me impede de fazer uma corrida mais longa com conforto.
Entressola
Assim que você pega o Skechers GOrun 6 na mão a proposta fica bastante clara de que esse é um intermediário. Para corredores mais leves é um verdadeiro pau para toda obra, e isso se justifica pela entressola com um drop de 4 mm.
O material usado aqui é o já conhecido Flight Gen, só que nesse modelo o destaque fica para a maciez e flexibilidade. Só de pegar na mão já dá para imaginar que o intuito é oferecer conforto, e a entressola faz isso com bastante sucesso. Com apenas 223 gramas no modelo 43, o peso impressiona demais.
Esse é um tênis que você pode torcer para qualquer lado que quiser, o que deixa seu pé mais livre para se movimentar. Esse é o maior motivo de eu contra indicar esse modelo para corredores mais pesados ou com uma pisada muito pronada ou supinada. Prefira modelos com mais suporte como o GOrun Forza 3 ou até mesmo o GOrun Ride 7.
A minha preferência é por modelos que permitem esse tipo de liberdade no movimento, por isso a entressola me agradou demais. Ao mesmo tempo que é muito macia, não senti a responsividade sendo afetada, além do que, a transição de passada nesse tênis é extremamente eficaz.
Solado
Apesar de ser um pouco menos levado em conta quando falamos em conforto, o solado desse tênis garante uma passada confortável e segura. Nesse nós podemos ver a assinatura da tecnologia mid-foot strike que é pouco perceptível em conjunto com a entressola.
Tive a chance de testar esse tênis em alguns treinos na chuva, e posso garantir que ele se sai vitorioso do desafio. A borracha é bastante macia, o que pode aumentar o desgaste, mas em compensação seu pé gruda muito bem no chão.

Provável que o único problema desse solado seja mesmo o desgaste. É sempre bastante difícil encontrar um conjunto tão flexível e macio como esse sem abrir mão de alguns quilômetros rodados. Na foto o tênis está com um desgaste de 50 km, mas duvido que ele chegue inteiro a faixa dos 500 km.
Por outro lado, já é uma evolução bastante significativa nessa geração, e eu não me importo tanto em fazer esse trade of, afinal, não dá pra ter absolutamente tudo em um modelo só.
Cadarço, língua e palmilha
Já era de se imaginar que nesse modelo o cadarço não desempenharia como de costume. Depois de testar o questionamento se mostrou verdadeiro. Só esperava que pudesse fazer um ajuste melhor na região do peito do pé, uma vez que o colarinho comprimiu muito mais meu pé do que o restante do cabedal.
Uma pena, porque achei o cadarço muito bonito com essa fita refletiva transpassada entre os fios. Minha crítica anterior foi mais em relação a amarração do tênis, mas uma exclusiva do cadarço é de seu comprimento. Por não haver furo adicional, acaba sobrando cadarço demais e foi preciso fazer um laço duplo para reduzir a sobra.

A língua, ou melhor, a falta dela nem é sentida. Por outro lado, quem não gosta desse cano um pouco mais alto pode se incomodar ou se sentir “sufocado”. Imagino que não tem meio termo, quem gostar vai adorar e quem não curtir, se sentirá muito incomodado.
Uma coisa bacana do GOrun 6 é o fato de que ele pode ser usado sem palmilha. O problema é que minha experiência com o Skechers GOrun Ride 7 se provou um tanto traumática por conta de algumas costuras expostas terem machucado meu pé.
Mesmo assim me aventurei em uma corrida curta sem palmilha e confesso que não gostei, porque o pé ficou sobrando demais dentro do tênis. Achei que com a palmilha o tênis ficou melhor encaixado e confortável. De qualquer jeito, é uma opção.
O Skechers GOrun 6 vale a pena?
Ao final dos testes eu confesso que fiquei um pouco conflitante com as minhas considerações, ao mesmo tempo que amei a entressola desse tênis, o cabedal não se adaptou muito bem ao meu pé.
Talvez isso resuma da melhor maneira. Pode ser que esse não seja um tênis para as massas. Ele vai se adequar muito melhor ao corredor ou corredora leve e com pés finos. Ao mesmo tempo não quero desencorajar quem não se encaixa nesse “biotipo”, prove e tente ver se a proposta desse tênis pode te agradar na corrida.
Sem dúvida alguma o Skechers GOrun 6 acertou a mão em seu design, com uma proposta moderna e que te permite usar para sair sem parecer que foi direto da corrida. Isso muitas vezes acaba sendo um fator decisivo pra muita gente que procura aproveitar mais seu par de tênis.
Ficha técnica:
- Peso: 150g (nº 36) / 190g (nº 40) / 229g (nº 43)
- Tamanhos: 34 ao 44
- Cores: azul, preto e cinza
- Drop: 4mm
- Categoria: intermediário
- Preço de tabela: R$529,99
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