Se tornou algo muito comum aparecer tênis no mercado com preço de tabela elevado. Por isso, é um verdadeiro alento ver uma marca trazendo um produto de qualidade por um preço competitivo e justo. Esse é o caso do Fila KR4 (Kenya Racer 4), que chega em sua nova geração com um preço sugerido de R$349,90.

O modelo anterior conquistou espaço no armário de muita gente por ser um ótimo custo-benefício para um tênis de performance. Algumas coisas permaneceram iguais, mas poucas mudanças podem ser suficientes para afastar o corredor acostumado com o KR3 e também atrair novos interessados.
O principal fator que possibilita um tênis com um valor interessante é a fabricação local. Não há dúvidas que ainda existe um pouco de preconceito com o produto desenvolvido e fabricado por aqui, mas a Fila não deixa o corredor na mão e ainda se arrisca com novos materiais.
Cabedal
Começo o review do Fila KR4 destacando a mudança de material do cabedal. O que antes era um material um pouco mais “bruto”, dessa vez traz conforto. Isso viabiliza calçar o tênis sem meia para quem é adapto dessa prática, porque o mesh desenvolvido pela Fila tem um toque muito mais macio e agradável.
Outro ponto positivo dessa mudança está na ventilação. Independente se você usa ou não meia, esse tênis está bem respirável e mesmo durante corridas mais longas não existe incômodo. Os cortes a laser em toda a extensão do calçado permitem que o ar entre com facilidade durante a corrida.
Assim como ele ganha pontos no conforto, acaba comprometendo um pouco na durabilidade e estrutura do cabedal. Esse é um tecido bem fino, portanto, está mais suscetível à danos, com destaque para a região do toebox.

Ele possui uma biqueira interna que passa um pouco mais de segurança na ponta do tênis, porém o restante do tênis não passa a mesma sensação. Isso acontece também porque existe pouca duplicação de tecido na parte interna. Dá para perceber que o cabedal perde sustentação quando está fora do pé.
Por si só não é algo ruim, mas é importante observar que geralmente um tecido que foi feito para priorizar leveza e conforto, costuma deixar a desejar um pouco na construção e durabilidade. De qualquer maneira, eu vejo como uma alteração positiva que deverá agradar mais gente.
No calcanhar é que aparece um pouco de preenchimento de espuma e o clipe de contraforte rígido. Na transição do clipe com o restante do cabedal sem preenchimento de espuma faltou um pouco de cuidado na construção. Alguns detalhes refletivos no calcanhar e lateral externa completam o pacote.
Entressola
O Kenya Racer 3 tinha uma pisada firme, como era de se esperar para um tênis de corrida de performance e competição. Para a surpresa dos fãs da geração anterior, o KR4 trouxe a mesma tecnologia presente no Fila Racer Knit que oferece muito mais amortecimento, a entressola New Energized.
Essa mudança resulta em uma experiência extremamente satisfatória na minha avaliação, porque consegue oferecer uma pisada um pouco mais macia em um tênis leve. No tamanho 43 ele tem 234 gramas, uma marca muito boa. Além de uma forma larga e com espaço suficiente para os dedos.

A entressola Energized está presente em toda a extensão da entressola, e por ser um composto macio, não é muito indicado para quem tem uma pisada muito irregular. Pelo menos na maneira que foi aplicada aqui. A falta de estrutura do cabedal também pode atrapalhar nisso, já que o pé fica mais “solto”.
Como eu disse, essa mudança no composto da entressola pode desagradar quem vem da versão anterior, porque se perde um pouco em responsividade. Está longe de ser um tênis mole, só que mais macio que um tênis de competição como o Skechers GOmeb Speed 5.
É possível observar os vincos convexos que dão a volta completa na entressola, e facilitam ainda mais no amortecimento do material em EVA. Acho que eles poderiam fazer um desenho diferente para o calcanhar, para oferecer um pouco mais de suporte e menos amortecimento nessa região.
Solado
Depois de mais de 60 quilômetros rodados com o Fila KR4 para fazer esse review, posso afirmar que o solado não deverá ser problema. A tecnologia EverGrip domina quase o solado inteiro com borracha injetada, deixando apenas o mediopé exposto.

Nessa região em que a entressola fica mais evidente existe uma placa de estabilidade, Cage AMH, que efetua esse trabalho de forma bem discreta. Na verdade, acho que serve mais para dar um pouco de responsividade para um composto de entressola bem macio.
A aderência em qualquer tipo de piso e clima não é problema, com pontos de contato suficientes para atender qualquer tipo de corredor. O tênis tem vários pontos de flexão no solado que oferecem uma transição de passada segura e confortável.
Cadarço, língua e palmilha
Para o ajuste desse tênis, foram utilizados 6 furos mais um furo extra. O cadarço é longo o bastante para utilizar com folga o furo extra. Sem utilizá-lo, acaba sobrando um pouco e você vai querer dar um nó duplo para não incomodar.
Esse é o ponto que pode ser melhorado na próxima versão desse tênis. Os dois passadores que prendem o cadarço à língua do tênis são meio chatos para ajustar, e sem eles a língua não fica muito bem presa. No entanto, gostei do fato dela não ter preenchimento de espuma e utilizar uma peça para dar mais integridade à ponta.

Como o cabedal é de um material mais delicado, existe uma duplicação de tecido e o mesmo material utilizado da língua. Isso permite que a amarração possa ser feita ser qualquer dano ao cabedal. Uma coisa básica, mas que em alguns modelos pode ter a durabilidade comprometida.
O ajuste como um todo poderia ser um pouco melhor e mais fácil. De qualquer maneira, não chega a ser um problema a ponto de contra indicar esse modelo. A palmilha completa o ajuste e é um pouco mais firme que a encontrada no Racer Knit.
Fila KR4 vale a pena?
O modelo Kenya Racer conquistou o mercado com a terceira geração, sempre com a proposta de um ótimo custo-benefício na categoria de performance. Isso ele não perdeu com o KR4, mas deixou de ser tão responsivo quanto era antes e ficou mais macio.
Essa mudança já pode ser o suficiente para que os amantes do modelo comprem alguns do modelo antigo para “fazer estoque”. No meu caso, a proposta atual me agradou muito e não tem como desconsiderar o fato de que é possível comprar o tênis no momento do lançamento sem ter que gastar muito.
Ele continua sendo um tênis de corrida leve e focado em performance, só que abre espaço para mais corredores experimentarem um modelo dessa categoria sem perder muito em conforto.
Barato, sem comprometer a durabilidade do solado. Respirável, apesar de perder um pouco de estrutura. No apanhado geral, é um tênis a se considerar e uma marca que merece ser mais notada como um fabricante de bons produtos. O mercado oferece preços de lançamento tão surreais, que bate a dúvida se o barato é ruim. Esse definitivamente não é o caso.
Ficha técnica:
- Peso: 155g (nº 36) / 186g (nº 40) / 234g (nº 43)
- Tamanhos: 33 ao 44
- Cores: preto, azul, vermelho e rosa/preto
- Drop: 8mm
- Categoria: performance
- Preço de tabela: R$349,90
Olá Rafael!
Parabéns pelos seus reviews! São ótimos! Estou a alguns dias tentando encontrar um substituto, aliás substituto não, uma alternativa para o meu Saucony Kinvara. Encontrei no Kinvara a relação peso/amortecimento/forma perfeita para os meus pés. O Kinvara 8 já havia me surpreendido, e o 9 foi arrebatador hehe.. Porém, como nem tudo são flores, a Saucony esta com o envio de produtos para o Brasil suspensa por tempo indeterminado. Meu Kinvara 9 bateu 1.100 km e já reclama sua aposentadoria. Dia 29/09 vou correr a Maratona de Foz do Iguaçu, e como fiz todo meu treinamento de Kinvara, não pretendo arriscar outro modelo. Sendo assim, para ‘economizar’ meu Kinvara 9, preciso de uma alternativa e quem sabe um substituto temporário. Pra ti, que já revisou e testou vários modelos, conseguiria me dizer um modelo que entregue a experiência de corrida do Kinvara 9? Faixa de peso de 235 gramas, forma larga, amortecimento na medida, e etc. Obrigado e bom final de semana!
Boa tarde, Vinicius! Antes de mais nada, obrigado pelo comentário.
Pois bem, eu também gostei bastante do Kinvara 8 que tenho e uso até hoje. Está menos rodado que o seu haha, mas se você tiver um gosto parecido, te indicaria o GOmeb Razor 2 da Skechers. Dá pra encontrar por um bom preço e eu gostei demais do tênis. Ele é um pouco mais firme que o Kinvara, mas não acredito que seja um problema.
Em último caso, já tentou procurar se alguma loja tem algum Kinvara restante na sua numeração? Se você teve uma adaptação tão boa, vale a pena buscar alguns pares.
Espero ter ajudado!